A trajetória de Roseli Silva Alves, 46, estudante do Campus Coxim do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) é o retrato de como a educação profissional, científica e tecnológica é capaz de transformar vidas. Na instituição, a diarista se descobriu artesã, concluiu o ensino médio na Educação de Jovens e Adultos (Proeja) e, atualmente, faz graduação. 

"Tive muita encomenda de vasos em cerâmica, principalmente para Campo Grande. Dá pra tirar uma renda legal sim, é só produzir", comenta Roseli sobre o ofício que aprendeu no IFMS.

Nascida em uma fazenda na região pantaneira, onde passou a infância, Roseli só começou a estudar aos sete anos, quando foi para a cidade morar com a avó. Sempre matriculada na rede pública de ensino, conseguiu terminar o ensino fundamental, mas o médio não foi concluído. Precisava cuidar dos dois filhos pequenos.

Em 2015, quando ainda trabalhava com diárias de faxina, Roseli ficou sabendo que o IFMS estava com inscrições abertas para um curso de arte em cerâmica. Era a segunda turma do Mulheres Mil, programa do Governo Federal que fomenta a qualificação profissional de mulheres em situação de vulnerabilidade social e econômica e risco social, vítimas de violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, e moradoras de locais com infraestrutura deficitária. 

"O Proeja foi uma experiência fantástica. Aos 42 anos, fez muita diferença na minha vida. Eu tinha dificuldades, mas mantive o foco e consegui terminar o ensino médio no IFMS", relembra Roseli.

No curso, Roseli descobriu o talento para o artesanato em cerâmica e ajudou a fundar a Associação Mil Artes, criada pelas mulheres formadas no IFMS e com o apoio da instituição. Na época, o grupo até inaugurou uma loja para a comercialização das peças. Atualmente, a associação funciona com o apoio da Prefeitura de Coxim.

Durante um ano, Roseli aumentou os rendimentos com a produção de vasos, mas a alergia à argila a obrigou a interromper a atividade. Ficou o aprendizado de que é possível diversificar a fonte de renda e empreender.

"Tive muita encomenda de vasos em cerâmica, principalmente para Campo Grande, e ali na rodovia [BR 163] muito caminhoneiro compra e leva para a família. Dá pra tirar uma renda legal sim, é só produzir", comenta.

Em 2018, quando o IFMS completou 10 anos de criação, Roseli gravou um depoimento em vídeo contando como foi a experiência de ter feito o curso de arte em cerâmica do Programa Mulheres Mil. Confira:

Em 2019, Roseli ficou sabendo que o IFMS estava com vagas abertas para cursos técnicos voltados a jovens e adultos. Nesse tipo de curso, o estudante faz o ensino médio ao mesmo tempo em que aprende as disciplinas do técnico. A diarista passou então a ser aluna do curso técnico em Manutenção e Suporte em Informática.

"Eu não queria parar de estudar. Como sempre tive o sonho de fazer graduação e no IFMS todos os cursos são gratuitos, ingressei na Licenciatura em Química", explica a acadêmica Roseli.

"O Proeja foi uma experiência fantástica, com professores que ajudaram o tempo todo. Aos 42 anos, fez muita diferença na minha vida. Eu tinha dificuldades, mas mantive o foco e consegui terminar o ensino médio no IFMS", relembra.

Antes mesmo de ter o diploma de técnica, Roseli já estava com novos planos e o Instituto Federal fazia parte deles. "Eu não queria parar de estudar. Como sempre tive o sonho de fazer graduação e no IFMS todos os cursos são gratuitos, ingressei na Licenciatura em Química", explica.

No quinto semestre de Química, Roseli quer mais. "Meu sonho é ser perita criminal e não vou ficar parada. Estou fazendo a graduação, mas já estou pensando em outro curso que me leve para perícia. Nunca paro, sempre tenho um caminho a trilhar e as portas vão se abrindo", celebra.

A trajetória de Roseli no IFMS foi apresentada pela própria estudante no Congresso Nacional de Educação (Conedu) de 2024, na cidade de Fortaleza (CE). O artigo 'Narrativa Autobiográfica: Uma Experiência Exitosa na Educação de Jovens e Adultos no IFMS Campus Coxim' está disponível em formato digital.

Educação de Jovens e Adultos - Os cursos são voltados a pessoas com 18 anos ou mais, que têm o ensino fundamental completo e querem concluir o ensino médio.

"Ao proporcionarem a elevação da escolaridade, os cursos da Educação de Jovens e Adultos ampliam as possibilidades para que as pessoas melhorem suas condições de vida", pontua a diretora de Educação Básica do IFMS, Glaucia Vasconcelos.

No IFMS, o estudante do Proeja cursa o técnico integrado ao ensino médio. Atualmente, são ofertadas quatro opções de cursos - Administração, Edificações, Informática para Internet e Manutenção e Suporte em Informática - nos municípios de Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Coxim, Dourados, Jardim, Naviraí e Três Lagoas.

A diretora de Educação Básica do IFMS, Glaucia Vasconcelos, pontua que além de contribuir para o desenvolvimento local, os Institutos também visam elevar a escolaridade da população, e o Proeja cumpre esse papel.

"Do ponto de vista econômico e social, os Institutos Federais promovem um impacto nos municípios onde estão localizados, mas também nas pessoas que ali vivem. Ao proporcionarem a elevação da escolaridade, os cursos da Educação de Jovens e Adultos ampliam as possibilidades para que essas pessoas melhorem suas condições de vida", enfatiza Glaucia.

Atualmente, o IFMS tem 414 estudantes matriculados em cursos da Educação de Jovens e Adultos. 

Para conhecer mais os cursos do Proeja ofertados pelo IFMS, acesse a página Educação de Jovens e Adultos.